Vinhos falsificados: uma ameaça perigosa invadiu Sergipe

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Recentemente, uma grande operação do Ministério da Agricultura e Pecuária resultou na apreensão de aproximadamente 800 caixas de vinhos falsificados em Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba. No total, eram mais de 10 mil litros de bebidas adulteradas, comprometendo a saúde dos consumidores. Mas engana-se quem pensa que esse problema está restrito ao Sul do Brasil. Em Sergipe, essa realidade está mais próxima do que muitos imaginam – e eu mesma já fui vítima dessa fraude.

A tenebrosa experiência de beber um vinho falsificado

Frequentando restaurantes e festas particulares da alta sociedade sergipana, me deparei com vinhos que claramente não correspondiam ao que era anunciado. A surpresa desagradável veio no primeiro gole: um sabor estranho, falta de equilíbrio, a sensação de estar bebendo algo sem os devidos cuidados de armazenamento e procedência. Como amante de vinhos, sempre busquei produtos de qualidade, honestos, mas percebi que mesmo em ambientes sofisticados, estamos vulneráveis ao golpe dos vinhos falsificados.

Essa prática não só engana o consumidor, mas também afeta todo o mercado formal de importação e venda de vinhos. O Consulado da República Argentina em Salvador e a Câmara Empresarial de Comércio Argentina Bahia (CECAB) alertam que o contrabando e a falsificação não apenas representam um risco à saúde pública, mas também prejudicam a economia dos países produtores e dos comerciantes brasileiros que operam dentro da legalidade.

 

Angélica Zapata: o original é inconfundível e o sabor, sem igual! Ícone da vinicultura argentina, passa 18 meses afinando sua complexidade e elegância em barricas novas de carvalho francês. Fica a dica: em terra de falsificados, olhe os detalhes pra não cair na cilada. Os restaurantes sergipanos, segundo os experts, estão vendendo "gato por lebre" e eo Angélica estão na lista dos mais contrabandeados no Estado. Degustar o verdadeiro é uma experiência que celebra a tradição e a maestria. Saúde e cheers à autenticidade! Foto: Madalena Sá 

 

O alerta do especialista

A lógica do crime é clara: os vinhos ilegais são vendidos por menos de 40% do valor do produto oficial, criando uma concorrência desleal que impacta desde o produtor e exportador até os donos de lojas, supermercados e restaurantes que seguem as normas. Além disso, muitos consumidores desconhecem que esses vinhos podem estar adulterados ou mal armazenados, comprometendo não só o sabor, mas também a segurança alimentar.

Fernando Almeida, da Vinhedo Adega, acompanha de perto os impactos desse mercado clandestino e faz um alerta. "Tudo muda: a graduação alcoólica, o rótulo, você nunca sabe o que está bebendo. Um DV Catena da vinícola Catena custa na minha loja R$289, mas no mercado do contrabando e das falsificações, acredito que seja vendido por até 40% menos. O Alma Negra custa R$199, mas já tive cliente que comprou das mãos de falsificadores, que agem até por canais de WhatsApp, por R$120", explica. Para ele, essa prática vai além da ameaça ao comércio legalizado – trata-se de uma exposição ao risco e ao ilícito.

Alma Negra: o falso é gritante com as diferenças nos rótulos, tamanho da garrafa e e os detalhes da importadora Mistral

Fotos: Madalena Sá

 

O mais preocupante é como esses vinhos chegam ao consumidor. "Muita gente acha que está fazendo um ótimo negócio ao pagar menos por um rótulo famoso, mas, na verdade, está comprando um produto de origem duvidosa, sem garantia de procedência e do líquido que está na garrafa", ressalta Fernando. Ele reforça a importância de valorizar os rótulos legítimos e os terroirs que fazem da vinicultura uma experiência única.

 

 

DV Catena Malbec Malbec: uma explosão de especiarias, cereja, taninos macios e complexos, equilibrado. No rótulo, observem os selos de autenticidade, hologramas e informações em português 
Foto: Madalena Sá

 

Um problema que exige atenção e fiscalização

Será que estamos consumindo rótulos, e não os sabores, os terroirs, a cultura – tudo aquilo que está engarrafado e faz a alegria dos verdadeiros apreciadores de vinho?

 

Seja esperto: é essencial estar atento a alguns sinais que ajudam a identificar se um vinho foi contrabandeado ou falsificado:

Preço muito baixo : se um vinho está com um preço muito inferior ao habitual, desconfie. Não existe milagre quando o assunto é qualidade.

Contrarrótulo em português: a legislação exige que toda garrafa importada tenha um contrarrótulo em português. Se não tiver, há algo errado.

Registro do MAPA: toda bebida formalizada no Brasil deve ter um número de registro no Ministério da Agricultura e Pecuária, garantindo que passou por testes de qualidade.

Embalagem e vedação: Rolha mal ajustada, lacres rompidos ou acabamento descuidado são sinais de alerta, especialmente em espumantes.

Consumir um vinho falsificado pode ser frustrante, mas o mais grave é o impacto que isso pode ter na saúde. O ideal? Comprar sempre de fontes confiáveis, estar atento aos detalhes e evitar cair nesse tipo de golpe. Em Sergipe e em todo o Brasil, é necessário um controle mais rígido para que consumidores não sejam enganados – e, mais do que isso, para que a cultura do vinho seja respeitada como merece.

Fiquei apaixonada e trouxe na minha mala um Gran Famiglia Bianchi, direto de Menodoza, Argentina, respeitando todas as regras da Alfândega! Superbacana observar que mesmo aqueles que não passam pela fiscalização sanitária brasileira vêm com rótulos e detalhes alinhados às normas internacionais. Essa padronização realmente facilita a identificação e demonstra um certo cuidado, né?